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Arquitetos: Alejandro D’Acosta
- Área: 780 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Marcos Betanzos
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Fabricantes: Adobe, AutoDesk, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa La Loma é um projeto que pressupõe um grande desafio, construir uma casa em uma área de 2.500m², capaz de sintetizar o programa para responder efetivamente às condições estéticas, ambientais e culturais da construção em um lugar com profunda história, como a cidade de Oaxaca, no sul do México. Trata-se de um projeto que toma forma a partir dos nortes mais básicos: a análise detalhada da topografia, do patrimônio construtivo e de seu clima. A ideia foi tentar entender a intervenção do desenho a partir de uma dupla condição: resolver um problema de espaços e, ao mesmo tempo, respeitar a carga histórica e emocional de uma paisagem intervencionada. O estudo da mecânica do solo revelou o que seria o principal material da obra e do sistema construtivo: a pedra do terreno.
"Qualidade de vida", era a simples exigência do cliente, como ficar perto da vida no campo e de suas qualidades. A resposta foi igualmente simples, mas concreta, para construir a partir do que o terreno nos dá, para gerar um espaço de perspectivas diversas que podem ser vividas de diferentes maneiras e ser descobertas à medida que se percorre o espaço. A composição arquitetônica é um projeto de metros quadrados por compensação: por metro quadrado de construção foi necessário oferecer de volta um metro quadrado de jardim, metros positivos e negativos para alcançar um equilíbrio, uma obra mais mimetizada do que imposta à paisagem, ao mesmo tempo em que se consolida como uma arquitetura de percursos e jardins. Dentro dessa perspectiva, os metros quadrados de jardim excedem a superfície total do terreno, após repovoar as coberturas com vegetação, como na arquitetura pré-hispânica, vivendo da cobertura para ligar a construção com o meio ambiente. Habitar a rocha que constrói a paisagem, refugiar-se nela, gerar espaços a partir do que existe, do que já existia foi a ideia central. Escavar a pedra para criar espaços habitáveis, apoiar-se nela para gerar corrimãos, ou flutuar sobre a mesma para contemplá-la. Ressignificar a pedra ao intervi-la, movê-la para dar-lhe sentido e significado, sempre a partir do chão, do terreno como ponto de partida. Os limites do terreno tinham de ser estritamente blindados para não permitir a entrada de nada, mas, sobretudo, para não haver desperdício. Uma obrigação de fazer todoo material ser utilizado, todo prego a ser colocado, toda pedra a ser movimentada, de forma consciente. Isto acaba sendo um exercício de catalogação de materiais por capacidade e possibilidade de uso. Assim, pouco a pouco, cada material vai descobrindo sua nova vocação; as pedras melhores criam os espaços internos, as mais danificadas ficam expostas ao exterior, as pequenas, que não são paredes, são agora cascalho que acentua a vegetação, e as antigas formas agora descobrem seu novo ofício, sendo a pele que cobre o espaço público da casa, numa ação de ressignificação, de interpretação da paisagem a partir de um sentido profundo.
As ripas de madeira, em ordem sequencial, umas em cima das outras, queimadas e escuras, são uma memória monumental petrificada, que faz vibrar a visão e as emoções. "A partir de um ato de reciclagem, de não querer jogar nada fora, de fazer valer cada centavo de material, fui presenteado com um cartão postal" - diz o cliente. Uma arquitetura que, como a rocha, não envelhece por ser atemporal. Porque não tem tempo, nem começo, esteve sempre lá, contemplativo, tímida, silenciosa, e dá voz a quem a merece; na sombra, no vento, na luz do sol, no silêncio que compõe sua estrutura; e o protagonista é o espaço não construído, os lugares para estar, os jardins a contemplar, os recantos para esconder a alma. O que ainda não foi dito. O que nenhum arquiteto dita. Se toda arquitetura é um ato violento, uma ação de cortes e lágrimas, de peso morto, de estruturas que não são, o que corresponde então é desenhar a ferida; a ferida que somos e teremos que habitar. Que os cortes que fraturam a terra sejam os muros que nos protegem, que as fissuras que provocamos façam crescer os novos jardins e que sejam nas fissuras onde a nova luz vai entrar.